quinta-feira, 11 de março de 2010

Sonhos Literários

Ontem eu fiz uma viagem, sentada em minha cadeira, com meus braços sobre a classe, enquanto minhas mãos agarravam um livro. E a voz da minha professora de literatura, que instantes antes eu prestava tanta atenção em sua entonação, acabaram tornando-se chiados em meus ouvidos.
Na verdade, eu estava no século XVIII, em meio a uma bela paisagem, que meus olhos desconheciam. Era tão belo o local, que parecia um quadro pintado a óleo. As nuvens eram sutis pinceladas brancas, e o sol uma bola de fogo incandescente. Quando seus raios atingiam meus olhos chegavam a doer. E ao redor, era tudo verde. Campo limpo. Capim rasteiro. E uma choupana rodeada de flores. Flores estas, que exalavam um cheiro perfeitamente doce.
Então, quando movi meus pés, os olhei subitamente, e percebi que um longo vestido, os cobriam. Não era um vestido qualquer, era um vestido como os que as damas da Corte de Versalhes eram habituadas a usar. Lindo e pomposo, todo volumoso e pregueado. Senti-me em um filme de época.
Caminhei até a choupana, onde era o lar de um homem afável, que me recepcionou com imensa gentileza. Reparei que suas roupas também eram antigas, ele usava calças justas e um colete ajustado na cintura. Ele tinha cachos rebeldes, domados por certo laço. Suas feições demonstravam que ele não era tão jovem, e sim um homem já vivido.
Contou-me que era português, estudou no Colégio dos Jesuítas, se formou em Direito na Universidade de Coimbra. Falou-me de sua amada Maria Doroteia. Conversamos sobre literatura e política. Até que lembrei de perguntar como ele se chamava. E para meu espanto ele disse que se chamava Tomás Antônio Gonzaga.
E foi nesse instante, que uma mão gelada encostou-se em meu braço, era a professora de literatura, pedindo para eu acordar, pois estava no mundo da lua, simplesmente dormindo com os olhos abertos. Se ela imaginasse que eu estava imaginando Tomás Gonzaga, acharia que eu estava realmente louca. Mas eu só queria ser a Marilia, de algum Dirceu.
E quem disse que não existe uma maquina que nos transporte pra o passado, estava redondamente enganado. Pois os livros te levam pra qualquer tempo e lugar. Ler é viajar.

Um comentário:

Dimas disse...

(: Cada vez que eu te leio, viro mais teu fã.

Lendo esse texto, eu senti como se estivesse vendo os meus próprios pensamentos expressos em palavras.

Sempre que leio um livro, sinto exatamente tudo isto que você - tão perfeitamente - descreveu.

Parabéns por mais uma postagem incrível, continue sempre assim!