quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O Tempo Voa

Há poucos dias atrás conversando com minha prima percebi como os ponteiros do relógio se movem freneticamente, como cada piscar de olhos equivale uma folha arrancada do calendário. O tempo voa e parece que vamos perdendo o seu ritmo. Aquela conversa resgatou um pouco do meu passado e abriu os arquivos de minha infância tão bem guardados em minha memória. Lembrei-me do tempo em que eu chorava por perder um simples ursinho ou pelo braço quebrado de alguma boneca. Recordo-me também de pegar sorrateiramente os sapatos de salto alto da minha mãe, junto com sua maquiagem e algum vestido que eu imaginava que um dia me caberia. E foi num dia em que minha mãe havia saído mais cedo do trabalho, que resolvi brincar de ser grande com suas coisas. Eu não esperava que ela abrisse abruptamente a porta do meu quarto e ficasse me olhando com ternura. Justo ela que deveria ter ficado brava e não com aquela cara de boba. Afinal de contas, eu havia pegado suas coisas sem permissão alguma. Ela se aproximou e disse que no dia em que eu realmente fosse grande, choraria para ter minha infância de volta. Achei que aquilo fosse papo de mãe e acabei não levando a sério.
Agora percebo que ela tinha razão. Antes eu fazia de tudo para adiantar o tempo, hoje faço de tudo para tentar desacelerá-lo. Não choro mais pelo ursinho perdido, mas por pessoas perdidas que passaram em certos momentos de minha vida. Assim com também não choro mais pelo braço quebrado da boneca e sim pelo meu coração estilhaçado como vidro. E naquele dia fiquei reclamando por não ter ouvido a minha mãe, e por não ter aproveitado ao máximo minha infância. Hoje, invejo Peter Pan que sempre será uma criança em meio a fantasia. E o que mais dói é que me deram tempo para ser criança, mas eu preferi ser gente-grande, ainda pequena. Porém uma coisa ainda me resta: a fantasia.
Meus sonhos são regados a utopia. E esse meu pedaço é o mais vital, pois é lá que armazeno em segredo a criança adormecida que ainda há em mim.

2 comentários:

Adrielly Soares disse...

Amei o final. Os meus sonhos também são regados à utopia.

Marques disse...

minha infância também voou,hoje eu só queria poder fazer tudo novamente