Ela era independente, tinha seu apartamento, morava com sua cachorrinha. Voltava tarde do trabalho, mas sempre carregando aquele vazio. Um vazio que a comida não preenchia. Um vácuo que não era preenchido com música, tampouco poesia.
Sábado a noite saia, voltava ébria e quando fechava a porta de casa notava que nem a bebida saciava aquele buraco que suplicava por algo.
Certa vez, saiu correndo feito doida pelo parque, como se quisesse se alforriar de correntes, mas a cada arfada de ar sentia que o vazio continuava ainda mais presente.
Alugou filmes, comprou livros, achava que precisava enriquecer sua cultura, se distrair. Chegou a pensar que seu problema era stress, depois mudou seu auto-diagnostico. Passou a achar que eram outros problemas psicológicos.
E lá foi ela, bateu na porta do primeiro psicólogo que apareceu na agenda telefônica. Sentou-se no divã e relatou o que estava lhe afligindo.
- Doutor, eu sinto um enorme vazio.
- Minha cara senhora, do que sentes falta?
- Se eu soubesse o que me falta não estaria lhe pagando para solucionar o meu problema. E por sinal, cara é essa consulta.
Pediu o dinheiro de volta e xingou todas as pessoas que atravessavam seu caminho. Aquela citação sobre descontar seus problemas nos outros era o que mais definia esta mulher.
Neste mesmo dia, se esbarrou com um homem no corredor de uma livraria. Primeiramente ela o agrediu verbalmente e lhe mandou olhar por andava. Mas a reação dele foi totalmente imprevisível, ele ficou encantado lhe olhando, pediu desculpas e elogiou seu gosto literal. Aquele homem doce curou o seu vazio, lhe proporcionou amor.
3 comentários:
Que lindo o texto!
Foi você quem escreveu?
;)
amor... ô cosia dificil de ser expressada em suas mais simples formas...
to te seguindo
http://pequenosdeleites.blogspot.com
gostei do texto, a expressao do comentario acima nao foi uma critica, e sim um pensamento, mas achei bacana a forma como colocou o amor no cotidiano, no seu post,parabéns.
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