quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Palavras que amedrontavam.


Eu teatralmente te mandava embora.  Você dizia com convicção que deseja permanecer.  Eu te aceitava e tapava teus erros com o velho cobertor bordô. Você beijava meus olhos. Eu tinha uma grande vontade de te estapear, mas as marcas que eu deixava eram das minhas unhas em suas costas. Você dizia que gostava. Sempre meio masoquista.
 Você me recitava Fernando Pessoa. Eu criava pequenos poemas dedicados a você.  Você citava Nietzsche em nossos diálogos pseudo-intelectuais. Eu te falava dos Quintanares, enquanto bebíamos meu café que mais parecia água suja. Você debochava dos meus incríveis dotes culinários, em especial do meu miojo melequento. Eu te chamava de loser, quando você perdia no Guitar Hero. Você dizia que eu era descoordenada por viver tropicando e me esbarrando em coisas.
 Abraçados assistíamos Friends na sua sala. Você me dava chocolate branco, mesmo eu dizendo estar de dieta. Porque você sabia que eu não resistiria ao meu chocolate preferido, tampouco resistiria ao sorriso do presenteador que vinha de brinde.  E éramos felizes assim, sem nunca mencionarmos explicitamente o “te amo” amedrontador. 

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