Lá vai ela tropeçando
ao brincar nos trilhos. Sempre suave e doce. Lá vai ela beirando a insanidade.
Olhava para o céu azul daquela tarde quente. Sorrindo de mansinho. Queria
pausar o tempo. Dramatizava seus gestos. Inundava-se de sua loucura até então renegada. Banhava-se de devaneios. Desfazia-se de sua verborragia. Suas
borboletas azuis presas em seus cabelos, agora voavam. Seus demônios
interiores eram expurgados. Seus olhos
verdes percorriam o que ninguém mais enxergava. Nem sentia mais a dor dos
hematomas presentes nos braços. Despiu-se dos critérios arcaicos que lhe
impunham. Começou a gargalhar. Ria freneticamente da vida. Gladiava contra o
senso-comum. Enfim, permitiu-se ser um pouco Dom Quixote. Pois sabia que como num sonho bom (ou como num
bom livro de ficção), lá sua loucura era perdoada.
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