terça-feira, 14 de agosto de 2012


Lá vai ela tropeçando ao brincar nos trilhos. Sempre suave e doce. Lá vai ela beirando a insanidade. Olhava para o céu azul daquela tarde quente. Sorrindo de mansinho. Queria pausar o tempo. Dramatizava seus gestos. Inundava-se de sua loucura até então renegada. Banhava-se de devaneios. Desfazia-se de sua verborragia. Suas borboletas azuis presas em seus cabelos, agora voavam. Seus demônios interiores eram expurgados.  Seus olhos verdes percorriam o que ninguém mais enxergava. Nem sentia mais a dor dos hematomas presentes nos braços. Despiu-se dos critérios arcaicos que lhe impunham. Começou a gargalhar. Ria freneticamente da vida. Gladiava contra o senso-comum. Enfim, permitiu-se ser um pouco Dom Quixote.  Pois sabia que como num sonho bom (ou como num bom livro de ficção), lá sua loucura era perdoada. 

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