“O que foi
escondido é o que se escondeu
E o que foi
prometido, ninguém prometeu”
É estranho quando alguém que
sumiu há uns 10 anos resolve voltar e te convidar por meio de uma amiga pra
jantar. Reunião de velhos amigos. Algo blasé.
Estranho, porque da última vez
que você apareceu aqui em casa, foi assim também, repentinamente. Numa noite enquanto eu ouvia Tempo Perdido,
da Legião. Permaneceu na cidade durante
uns cinco dias. Tocou violão na minha sala, riu dos meus apelidos, me contou as
novidades, me roubou uns beijos e partiu.
E estranhamente a gente não se
despediu.
Nem quando você foi embora pela
primeira vez nos despedimos.
Lembro que eu tinha escrito uma
carta, só que obviamente não entreguei. E obviamente que chorei durante meses a
tua ausência, principalmente depois de ter descoberto que tu tinhas vindo à
minha casa se despedir justamente na hora em que eu estava na igreja.
Sempre foi um jogo: você
fugia e eu recuava. (Ou o destino cagava
tudo)
Amor de criança, como um esconde-esconde.
Essa história cheia de buracos.
Repleta de falhas. E sem um ponto final. Não apareci para a janta. Inventei mil
desculpas pra não remexer no passado.
Mas fiquei feliz de saber que você está bem e que ainda lembra de mim.
Quem sabe daqui uns 20
anos você volta e vamos tomar uma cerveja
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