A porta
se fechou com o vento, mas literalmente ela ainda está aberta para você. Não
precisa tocar a campainha. E tenho um segredo para te contar: sei exatamente o
barulho dos teus passos.
O
liquidificador estragou, não posso mais fazer o mousse de maracujá. Mas ainda
tenho sachês de chá de camomila para bebermos nas noites frias enquanto
conversamos sobre nossos livros lidos.
A torneira
da pia está pingando incessantemente. Há diversos pratos a serem lavados. Uma
pilha de lençóis sujos ao lado da cama preenche o quarto quase vazio. Os restos
de Nissin tomam conta das panelas. E a porta do banheiro continua emperrando.
O sofá confortavelmente me
persuade a permanecer atirada como uma enferma. A vontade de permanecer deitada
todo dia é gritante, e subitamente a obedeço. A desordem está instaurada nessa
casa. E a desordem está instalada em mim também. O caos chegou faz certo tempo.
Eu sei que você vai dizer que
continuo dramática ao extremo. Chantageio-te, jogo baixíssimo, porque sei que
nem as jogadas mais limpas mudariam o rumo das coisas. É só um jeito estranho
de continuar tentando algo que já está perdido. Somente para não ficar cheia de
um vazio sem sentido.
2 comentários:
Fazia tempo que não aparecia por aqui Maura, percebi que teus textos estão mais maduros. Mas tão mais bonitos quanto antes.
Obrigada Hellen, saiba que também acompanho seu blog e que gosto muito do que leio por lá.
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