domingo, 23 de dezembro de 2012

Invisível


                Tem dias que me permito ser mais frágil. E na noite de hoje eu resolvi deixar a fragilidade exposta. Enquanto olhava “As Vantagens de Ser Invisível”, refleti sobre algumas coisas e chorei feito bebê em frente a TV.
                Não sei se é porque me via um pouco refletida no personagem principal: medrosa, muitas vezes solitária e “invisível”. Na escola em que estudei poucas pessoas sabiam meu nome, e a esmagadora maioria nem sabia da minha existência. Eu até não achava tão ruim ser assim. Aliás, eu até gostava, pois deste modo minha timidez exacerbada não era posta em perigo.
                Ou talvez eu tenha gostado do filme por tocar no assunto de amarmos as pessoas erradas, afinal de contas, tenho o dom para essa arte. “Nós aceitamos o amor que acreditamos merecer− a frase dita pelo personagem Charlie norteou um pouco dos meus pensamentos noturnos. Em meio a tantas dúvidas uma questão se sobressaiu: seria eu uma pessoa que deixa escapar coisas com medo de me engrandecer demais?
 Confesso que ás vezes me achar boa em algo me soa como um erro.  Juro que não é querer implorar atenção, é só o meu próprio descontentamento que cresce como uma grande bola de neve e há momentos que essa bola passa impiedosamente por cima de mim. E também nunca me acho merecedora de grandes coisas, muito menos de grandes sentimentos.
Tenho essas manias de esconder meu corpo e até meus sentimentos. Vou encobertando tudo que acho que é perigoso demais. Tudo o que pode ser julgado por terceiros, porque eu realmente me importo com a opinião alheia mesmo não devendo. Eu não consigo me soltar desses preceitos anti-eu. Uma vez recebi uma explicação bem plausível para a minha obsessão amorosa, disseram-me que eu não sabia gostar de mim e depositava todas as expectativas que eu não conseguia atingir em outra pessoa, somente para aliviar o meu próprio fardo. E agora repensando sobre isso, acho que o meu psicólogo de boteco tinha mesmo razão.
Como mudei do assunto sobre o enredo de um filme para meus devaneios egocêntricos?  São quatro horas da manhã e meus olhos inchados agora pesam de cansaço. E já passou da hora de me recompor, fragilidade realmente não me cai bem, viro piegas demais.

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