Tem
dias que me permito ser mais frágil. E na noite de hoje eu resolvi deixar a
fragilidade exposta. Enquanto olhava “As Vantagens de Ser Invisível”, refleti
sobre algumas coisas e chorei feito bebê em frente a TV.
Não
sei se é porque me via um pouco refletida no personagem principal: medrosa,
muitas vezes solitária e “invisível”. Na escola em que estudei poucas pessoas
sabiam meu nome, e a esmagadora maioria nem sabia da minha existência. Eu até
não achava tão ruim ser assim. Aliás, eu até gostava, pois deste modo minha
timidez exacerbada não era posta em perigo.
Ou
talvez eu tenha gostado do filme por tocar no assunto de amarmos as pessoas
erradas, afinal de contas, tenho o dom para essa arte. “Nós aceitamos o amor
que acreditamos merecer” −
a frase dita pelo personagem Charlie norteou um pouco dos meus pensamentos
noturnos. Em meio a tantas dúvidas
uma questão se sobressaiu: seria eu uma pessoa que deixa escapar coisas com
medo de me engrandecer demais?
Confesso que ás vezes
me achar boa em algo me soa como um erro.
Juro que não é querer implorar atenção, é só o meu próprio descontentamento
que cresce como uma grande bola de neve e há momentos que essa bola passa
impiedosamente por cima de mim. E também nunca me acho merecedora de grandes coisas, muito menos de grandes sentimentos.
Tenho essas manias de esconder meu corpo e até meus
sentimentos. Vou encobertando tudo que acho que é perigoso demais. Tudo o que
pode ser julgado por terceiros, porque eu realmente me importo com a opinião
alheia mesmo não devendo. Eu não consigo me soltar desses preceitos anti-eu.
Uma vez recebi uma explicação bem plausível para a minha obsessão amorosa,
disseram-me que eu não sabia gostar de mim e depositava todas as expectativas
que eu não conseguia atingir em outra pessoa, somente para aliviar o meu
próprio fardo. E agora repensando sobre isso, acho que o meu psicólogo de
boteco tinha mesmo razão.
Como mudei do assunto sobre o enredo de um filme para meus
devaneios egocêntricos? São quatro horas
da manhã e meus olhos inchados agora pesam de cansaço. E já passou da hora de
me recompor, fragilidade realmente não me cai bem, viro piegas demais.
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