sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Sobre vestibular, título de graduação e blá-blá


O dia 28 de dezembro de 2011 foi um dos dias mais felizes da minha vida. Logo que ouvi meu nome “presidencial” (leia-se motivo de zoação pelo professor de história) na Rádio Universidade. E depois de conferir com calma “MAURA DA COSTA E SILVA” nos aprovados em Produção Editorial da UFSM.
Para a minha mãe o ideal era que eu permanecesse mais um ano em casa e fazendo cursinho pré-vestibular, colocando o empecilho dos meus “16 anos”, mas no fundo eu sabia que aquele não era o real motivo. Ainda acho que minha mãe queria que eu permanecesse debaixo da sua saia porque tinha medo que eu surtasse por ai, graças ao jogo de troca de salas com que brinquei por uns tempos: ora na sala do psiquiatra (Sr. Toma Setralina), ora na sala da psicóloga (Sr.ª Você-acha-que-isso-tem-relação-com-a-separação-dos-seus-pais?).
Naquela época eu engoli todos os meus medos, estufei o peito de coragem e disse: Mãe, eu vou sim! Juntei minhas coisas e fui parar em Santa Maria, sem saber onde era o centro da cidade ou que ônibus pegar para ir pra faculdade.
Quando minha mãe contava para as minhas tias que achavam que profissão se limitava a medicina e direito, logo me interrogavam “Ser produtora editorial? Mas o que é isso?”. Tudo bem, no começo até eu mesma não sabia as respostas daquelas perguntas. A única certeza que me norteava era que um produtor editorial lidava com livros e era isso que eu queria ser.
Hoje, 28 de dezembro de 2012, um ano depois, eu ainda tenho dúvidas, não sobre a função de um produtor editorial, mas sim sobre o que quero da vida (deve ser esse clima estranho de pré-ano-novo). Nem sei se quero continuar na graduação. Porque só a ideia de editar os livros não me basta, quero escrevê-los também. Ou somente escrevê-los.
Ainda me questiono “qual o meu talento?”. Na escola, eu amava biologia: estudar vírus, bactérias e plantas. E amava e ainda amo ler romances toscos ou juvenis. Confesso que às vezes me bate uma vontade de abandonar tudo, pegar uma mochila e percorrer o mundo com canetas e papel para escrever relatos. Porém, me lembro que minha avó diferente dos personagens da Malhação não tem um namorado marinheiro (mas de que jeito em Alegrete, né?). E também não tenho condições financeiras (lê-se pobre) de comer na Itália, rezar na Índia e amar em Bali. E ontem olhando o documentário “Us Now” até pensei em pedir um sofá emprestado para algum gringo no Couch Surfing.
O único problema é que penso e nada faço. Meu inconsciente grita: “Cala boca! Você tem que se formar com 20 anos, trabalhar em uma boa editora, melhorar a escrita e só lá pelos 55 pensar em começar a escrever um romance!”. E quando não é meu alerta autorrepressor, é a sociedade exigindo o título de graduação antes do prazer de aprender. 

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