- O que você acha de deitarmos no
jardim?
- Gosto
mais da sua pequena cama de solteiro.
- Você
é um bêbado muito careta.
- Só
não gosto muito de natureza.
- Não
estou te pedindo pra participar do Greenpeace, ser defensor da natureza ou
vegetariano. Só queria que deitasse comigo debaixo das estrelas, como naqueles
filmes toscos.
-Por
que você fica imaginando a vida como um filme?
Ela se
calou. Não sabia responder. Subitamente agarrou a mão esquerda dele e o
conduziu para fora do quarto. Ele ainda meio confuso foi com passos lentos até
o jardim. Os dois se deitaram desajeitadamente sobre a grama fofa.
- Você
quer ouvir música?
- Não.
- Você
não quer que eu cante “Lucy in the sky with Diamonds”, né?
- Não.
- Eu
posso fumar ao menos?
- Por
que você não observa as estrelas e deixa-me consumir um pouco de silêncio?
- Você
quando bebe tem esses momentos existenciais demais.
Ela não o olhou nos olhos, pois estava hipnotizada pelo
brilho das estrelas, como uma criança que acaba de ganhar um novo brinquedo.
Ela também não o respondeu. Apenas se aconchegou em seu corpo e o fez de
travesseiro. Ele deixou que ela remoesse o silêncio noturno, enquanto se
perguntava qual a mensagem subliminar daquele momento estranho ou se aquilo era
somente produto de uma bebedeira que seria esquecido pela manhã.
Um comentário:
"...ou se aquilo era somente produto de uma bebedeira que seria esquecido pela manhã."
Romântico e ao mesmo tempo realista. Sucinto, porém complexo. Muito bom!
Abraços!
@poemasavulsos
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