Tenho pensado
muito em fugir. Por favor, não me leve a mal. Só estou meio perdida nesse
ciclone que volta e meia surge em minha vida. Quero fugir de ti. Não dar
satisfações. Quero me calar por um tempo. Esconder-me nas gigantes montanhas de
incertezas que me cercam. Te olhar de longe e rir. O riso mais cínico e dolorido.
Rir do papel de idiota que sempre é interpretado por mim.
Não sei se é a
vodca. Não sei se a fumaça do cigarro que enuviou meus pensamentos. Só sei que
estou aqui, à mercê do caos, naufragada em gelo e dúvidas, desempenhando meu
papel dramático de sempre.
Daí eu lembro-me
daquelas coisas lindas que tu me escreves. Dos beijos castos. E também dos
beijos que como pólvora tu espalhas por meu corpo desnudo. Dos teus afagos. Da
tua gentileza. Das tuas poesias que me versificam perfeita. Dos teus olhos que
me espelham. Do teu cheiro que me impregna. Do teu medo de ser imperfeito. Da
tua voz que me toca n’alma. Da tua confusão em meio ao meu mar de palavras sem
sentido. Lembro-me das minhas marcas em tua pele. Dos teus lábios que ora proferem
coisas demais, ora nada proferem quando desejo ouvir. Das tuas mãos que me
mapeiam. Da tua barba que roça meu pescoço. Do frio do teu corpo sob um sol
escaldante. Pronto! O parágrafo em que te admito é maior que os outros.
Aqui está
novamente esse sentimento que me inquieta. Esse sentimento que percorre minhas
veias, como quem passeia por becos escuros, nunca achando uma saída. Peço-te
que desconsidere a primeira parte desse texto amador. A pontuação errônea. O
meu sentimento errôneo. Meu coração que espanca. Minha mente que grita esses delírios
tolos nesse papel branco. Continuo querendo fugir − não mais de ti – mas desses
fantasmas que me batem a porta, sempre querendo minha felicidade em troca.
Quero fugir desse meu sensor que apita sempre que vê um rastro de felicidade se
esparramar. Quero fugir de tudo que me liga à infelicidade e seus derivados.
Quero me prender na tal de alegria que rodopia ao teu redor.
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